segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Psicoterapia infantil: vamos brincar?


Na idade média, a criança era vista como um adulto em miniatura, não havendo particularidades intelectuais, comportamentais e emocionais para ela. A comunidade se ocupava de ensinar e socializar a criança. Tempos depois, a educação passa a ser prioritariamente realizada pela família e escola, e existe agora uma preocupação maior com as crianças e o estudo sobre elas. A psicologia se encarrega de produzir um discurso científico sobre a infância, estudando suas fases e comportamentos.

A psicoterapia do adulto surgiu bem antes da psicoterapia infantil e existem diferenças importantes entre elas. Muitos pais se perguntam se a terapia com seus filhos irá funcionar, pois imaginam que a criança ficará sentada na poltrona e o psicólogo irá conversar com ela. Na verdade, os objetivos e principalmente as técnicas utilizadas são próprias para crianças.

Mas então o que é a psicoterapia infantil? Também conhecida como ludoterapia, é a terapia através do brincar. Toda brincadeira tem um significado a ser explorado, além de ser a forma natural da criança vivenciar todos os acontecimentos do dia-a-dia e até compreender o mundo que a cerca. A melhor forma de entrar no mundo da criança é através da brincadeira.

O objetivo da ludoterapia é ajudar a criança a expressar mais facilmente seus conflitos e dificuldades, ajudando-a na integração e adaptação com o mundo a sua volta. Os brinquedos e jogos da criança tornam-se processos simbólicos cheios de sentidos e significações específicas de cada um. Através da brincadeira, a criança pode se libertar de sentimentos como insegurança, agressividade, medo e ciúme, pois o brincar é a linguagem da criança, é através dele que ela pode aprender, ganhar experiência, se desenvolver e exercitar sua criatividade.

Na psicoterapia infantil, o foco é a criança, mas os pais têm papel fundamental, pois são eles que podem proporcionar um ambiente diferente para a criança, ajudando na sua melhora. Além disto, os pais precisam ser ativos no decorrer do processo, tendo conversas com o psicólogo, recebendo orientações e buscando entender e mudar situações que acontecem no contexto familiar que podem estar gerando sofrimento para seu filho.

Mas não é toda e qualquer criança que precisa fazer psicoterapia. Os pais e a escola precisam ficar atentos ao comportamento destes pequeninos para identificarem alguma mudança que precise de mais atenção. Muitas crianças quando estão passando por conflitos emocionais, não sabem expressar isto verbalmente e modificam seu comportamento como um sinal, um pedido de ajuda, mostrando que algo não vai bem. Esta mudança pode ser sutil ou mais visível. Algumas delas ficam mais tímidas, deixam de brincar, ficam ansiosas ou agressivas. Outras tem medo de ficarem sozinhas e passam a estar sempre preocupadas com os pais ou irmãos.

Cada criança terá seu jeito próprio de expressar um pedido de ajuda. Sempre que suspeitarem que existe algo de diferente no comportamento dos filhos, os pais devem conversar com a criança, procurar o apoio da escola e ajuda profissional. Quando a melhor opção for a psicoterapia infantil, os pais devem explicar para a criança, usando uma linguagem simples, o que é a psicoterapia, para que ela não seja surpreendida.

Finalmente, é importante entendermos que o brincar não deve ser utilizado apenas na ludoterapia, como técnica de expressão de conflitos. O brincar é o trabalho da criança, uma forma de desenvolvimento e criatividade que deve ser usado em todas as situações possíveis, por crianças e também por adultos, na tentativa de auto-expressão, contato com os sentimentos ou simplesmente para rir dos outros e de si mesmo. 

Elaine Carneiro

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