Na idade média, a criança era vista como um adulto em miniatura, não havendo particularidades intelectuais, comportamentais e emocionais para ela. A comunidade se ocupava de ensinar e socializar a criança. Tempos depois, a educação passa a ser prioritariamente realizada pela família e escola, e existe agora uma preocupação maior com as crianças e o estudo sobre elas. A psicologia se encarrega de produzir um discurso científico sobre a infância, estudando suas fases e comportamentos.
A psicoterapia do
adulto surgiu bem antes da psicoterapia infantil e existem diferenças
importantes entre elas. Muitos pais se perguntam se a terapia com seus filhos
irá funcionar, pois imaginam que a criança ficará sentada na poltrona e o
psicólogo irá conversar com ela. Na verdade, os objetivos e principalmente as
técnicas utilizadas são próprias para crianças.
Mas então o que é a
psicoterapia infantil? Também conhecida como ludoterapia, é a terapia através
do brincar. Toda brincadeira tem um significado a ser explorado, além de ser a
forma natural da criança vivenciar todos os acontecimentos do dia-a-dia e até
compreender o mundo que a cerca. A melhor forma de entrar no mundo da criança é
através da brincadeira.
O objetivo da
ludoterapia é ajudar a criança a expressar mais facilmente seus conflitos e
dificuldades, ajudando-a na integração e adaptação com o mundo a sua volta. Os
brinquedos e jogos da criança tornam-se processos simbólicos cheios de sentidos
e significações específicas de cada um. Através da brincadeira, a criança pode
se libertar de sentimentos como insegurança, agressividade, medo e ciúme, pois
o brincar é a linguagem da criança, é através dele que ela pode aprender,
ganhar experiência, se desenvolver e exercitar sua criatividade.
Na psicoterapia
infantil, o foco é a criança, mas os pais têm papel fundamental, pois são eles
que podem proporcionar um ambiente diferente para a criança, ajudando na sua
melhora. Além disto, os pais precisam ser ativos no decorrer do processo, tendo
conversas com o psicólogo, recebendo orientações e buscando entender e mudar
situações que acontecem no contexto familiar que podem estar gerando sofrimento
para seu filho.
Mas não é toda e
qualquer criança que precisa fazer psicoterapia. Os pais e a escola precisam
ficar atentos ao comportamento destes pequeninos para identificarem alguma
mudança que precise de mais atenção. Muitas crianças quando estão passando por
conflitos emocionais, não sabem expressar isto verbalmente e modificam seu
comportamento como um sinal, um pedido de ajuda, mostrando que algo não vai
bem. Esta mudança pode ser sutil ou mais visível. Algumas delas ficam mais
tímidas, deixam de brincar, ficam ansiosas ou agressivas. Outras tem medo de
ficarem sozinhas e passam a estar sempre preocupadas com os pais ou irmãos.
Cada criança terá seu
jeito próprio de expressar um pedido de ajuda. Sempre que suspeitarem que
existe algo de diferente no comportamento dos filhos, os pais devem conversar
com a criança, procurar o apoio da escola e ajuda profissional. Quando a melhor
opção for a psicoterapia infantil, os pais devem explicar para a criança,
usando uma linguagem simples, o que é a psicoterapia, para que ela não seja
surpreendida.
Elaine Carneiro
Sugestões
de leitura:
1. Ludoterapia
2. Psicoterapia