segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

FILME: “UMA MENTE BRILHANTE”




John Nash desde muito jovem, já demonstrava com evidência seu gosto pela solidão, pois sempre preferia fazer suas coisas sozinho do que a estar em grupo. Ele era muito solitário e introspectivo, sempre preferindo os livros a brincar com outras crianças. Na escola, seus professores não o reconheciam como um prodígio, e sim como um menino extremamente anti-social.

Com o passar dos anos, em sua vida acadêmica, Nash começou a apresentar sinais de esquizofrenia, em 1958. Ele foi internado e diagnosticado com esquizofrenia paranóide e depressão com baixa auto-estima. Ele sofria de muitos delírios e alucinações. Nash se recuperava temporariamente, mas logo voltava a sofrer distúrbios mentais.

Ao longo dos próximos anos, foi se recuperando lentamente, conseguindo ignorar seus delírios causados pela esquizofrenia paranóica. Nash voltou a trabalhar, retornando à Princeton como professor de matemática e ganhou uma série de prêmios acadêmicos internacionais. Em 1994, por sua tese de doutorado escrita há décadas atrás, foi agraciado com o mais prestigioso prêmio de matemática do mundo: o Nobel.

Há algumas cenas do filme que exemplificam a ilusão, como por exemplo o galpão abandonado que existia na universidade. Neste caso, Jonh Nash acredita que este galpão é um local secreto, com agentes trabalhando e máquinas modernas. Outra ilusão, ainda neste local, é a caixa de correio, onde Jonh deixa correspondências secretas, contendo códigos decifrados. Na verdade, este é mais um objeto real, porém distorcido pela percepção de Jonh Nash.

Nash também via e ouvia pessoas imaginárias que o acompanhavam em situações especiais e exerciam funções diferenciadas em sua vida. Um "amigo" e companheiro de quarto e a "sobrinha do amigo" eram altamente reforçadores. Apareciam em sua vida em momentos críticos, quando precisava de amigos. Outra imagem era um "agente" especial (O Big Brother) que o mantinha informado das conspirações, dando-lhe dicas ou instruções. O "agente" tinha função reforçadora e, às vezes, função coercitiva e/ou punitiva.

Em um momento dramático do filme, Nash enfrenta suas próprias imagens visuais e auditivas numa tentativa de expulsá-las de sua vida ou pelo menos neutralizar sua influência. Havia aprendido com Alicia - sua esposa - a discriminar seus estados internos e a confrontá-los com as contingências públicas às quais era exposto.

Nash, tem esquizofrenia e desenvolve um delírio persecutório a partir das alucinações que tem. Há uma convicção impressionante por parte do protagonista, na qual ele acredita que trabalha em segredo para uma organização, onde tem que descobrir códigos secretos através da matemática, para combater os Russos. Toda esta trama constitui um delírio. Mas vale ressaltar que nesse caso específico o que Nash tem são idéias deliróides. As Idéias Deliróides constituem tentativas de manipular os problemas e as tensões da vida, através da fantasias elaboradas para fornecer aquilo que a vida real nega, entretanto, devido ao seu aspecto mórbido, tais fantasias não são construídas numa estrutura compatível com uma adaptação social normal.

A esquizofrenia tem 5 subtipos, John se encaixa no de Paranóide, que caracteriza-se por alucinações auditivas ou idéias delirantes dominantes, onde vão se preservar as funções de afeto e funções cognitivas. As idéias delirantes são normalmente persecutórias, não respeitam o tempo e nem o espaço, atuando e manifestando-se em tudo e todos. A ansiedade, o estresse e a indiferença constituem características associadas a estas idéias, podem ativá-las de certo modo. Essas idéias persecutórias de John Nash passaram a ditar os seus pensamentos e comportamentos, levando-o a afastar-se do convívio com as pessoas, pois ele pensava, assim acreditava que essas estavam envolvidas com os seus inimigos.
Ao deixar de tomar os medicamentos, e machucar sem querer a sua mulher e filho, John em meio a sua crise, tomou conta que a garotinha que aparecia para ela, não tinha crescido, depois de 1 ano. Tomando assim consciência de suas alucinações. John pede para Alice não deixá-lo voltar ao Hospital Psiquiátrico, e que ela o deixe também. Alice não o deixa, e resolve ajudá-lo a continuar viver normalmente mesmo que com suas limitações. Ela mostra ao matemático que o ele tem que focar não no que ele pensa, mas sim no que ele sente, principalmente por ela. Alice usou estratégias para ajudá-lo, ela pede que ele tente com calma se reaproximar das pessoas, fica atenta aos comportamentos do marido e é compreensiva com eles.

O contato com pessoas reais e que o amam, poderia dar uma nova visão do mundo real, e a volta a faculdade foi essencial para Jonh Nash mesmo a principio sendo difícil. A esquizofrenia é uma doença que pode ser acompanhada de sentimentos de culpa e vergonha, mas, no entanto, o apoio familiar e social é fundamental para o controle e evolução, bem como no tratamento como na aceitação da doença. O apoio da família e das pessoas mais próximas é essencial para o controle da doença.

Após sofrer por alucinações e idéias de perseguição, Nash acaba sendo internado em um hospital psiquiátrico, onde é diagnosticado esquizofrênico. Nash é submetido a um tratamento que possui um método extremamente doloroso: tratamento de choque, e através

de medicamentos antipsicóticos. Esses tratamentos acabam criando efeitos colaterais negativos que afetam o seu relacionamento com sua esposa e sua capacidade intelectual, ou seja, esses métodos não propiciam uma vida de qualidade para os pacientes. Com o avanço da medicina começam a surgir medicamentos melhores para o tratamento da esquizofrenia, os efeitos são mais eficazes e possuem menos efeitos colaterais que os antigos antipsicóticos. Esse avanço permitiu também que muitos pacientes passassem a ser tratado num regime ambulatorial, utilizando os medicamentos em casa, não mais necessitando do internamento. Com isso, com o avanço da medicina e com os novos tratamentos, foi possível melhorar a qualidade de vida para esses pacientes, e muitos podem voltar as suas atividades e ter uma vida social saudável.



Elaine Carneiro e Leonardo Vasconcelos.